segunda-feira, 11 de outubro de 2010

De que adianta?

Aí vai um poema que escrevi quando tinha 15 anos, um dia antes de contar para minha mãe que eu não tinha me tornado um heterossexual...



De que adianta minha procura,
se nem ao menos sei o que busco?
Se sinto o que é direito e dever de um coração e uma alma sentirem,
mas de meu olhar e meu corpo é tirado o prazer de ter o que desejo?

De que adianta ter pernas,
se não sinto braços me esperando?
Se nesse planeta de caos há inúmeros metros quadrados,
Mas não estamos juntos ocupando o mesmo espaço?

De que adianta ter meu corpo,
se não há outro para completá-lo?
Se às vezes me sinto a parte que falta em um inteiro,
mas não sei onde e como me encaixo?

De que adianta olhar pra uma estrela,
se não conheço nenhuma que olhe pra mim?
Se sou livre para dançar, mandar beijos e sorrir a um sorriso,
mas encarcerado e proibido de seus afagos e sua voz?

De que adianta eu ser dotado de carinho,
se mesmo com ele ainda possuo carências?
Se lutamos por ambições e orgulhos, mesmo com medo,
mas nos rendemos ao ouvir o primeiro tiro?

De que adianta?
Adianta fazer adiantar
Se não tentarmos fazer com que tudo nos valha à pena,
quem nos fará?

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